terça-feira, 30 de junho de 2009

Ricardo e Malthus

Ricardo também considerava que a fonte de todo valor era o trabalho e por isso Ricardo vai tartar de explicar como esse valor se distribui entre as classes sociais na forma de salários, lucros e renda da terra.
Começando pelo lucro, Smith assumia que este se devia ao risco que o capitalismo corria ao adiantar capital. Ricardo divergia e afirmava que o lucro remunerava sim a contribuição dos capitalistas no processo de produção. Porque a contribuição dos empresários ao processo produtivo está no trabalho contido nos meios de produção. Nesse sentido, a remuneração justa é aquela que remunera proporcionalmente cada um dos fatores de produção segundo o trabalho contido no produto. Esta é a teoria dos rendimentos proporcionais dos fatores de produção.
Por isso os salários deveriam ser equivalentes a produtividade do trabalho.
Ao tratar do papel do capital fixo e do capital circulante, Ricardo indica um aspecto importante à respeito da produção do valor.
O ponto de partida é o entendimento correto de que o valor dos meios de produção não é passado integralmente ao produto, destacando a existência da depreciação. E quanto mais durável for a máquina, menor será a parcela do valor que ele transfirirá para o produto.
O aspecto importante que Ricardo deriva de sua teoria de distribuição de respeito aos efeitos provocados por variações nos salários não altera necesariamente os preços, pois dependendo das circuntâncias ele pode representar uma redução dos lucros. E dependendo da participação do trabalho e dos meios de produção na geração do valor a variação será tanto maior ou menor.
Além disso, considerando o longo prazo, aumento nos salários estimulam o aumento da população, o que, por sua vez, pressiona o mercado de trabalho causando redução dos salários.
Mas Ricardo deixa de lado as considerações sobre longo prazo e a questão do crescimento populacional, atendo-se somente ao curto prazo e a questão da participação do valor entre lucros e salários.
Para Ricardo o aumento dos salários tem um efeito ruim sobre a acumulação no período seguinte.
A partir da explicação de Ricardo sobre a geração de renda da terra poderemos compreender como segundo o autor as economias atingiriam o Estado Estacionário.
Ricardo parte de duas premissas para explicar a Renda da Terra.
1-Admite que a teoria Malthusiana do crescimento da população, de que a população tenda à crescer em uma velocidade maior do que a dos meios de subsistência.
2-A renda da terra NÃO remunera a propridade mas sim a fertilidade da terra.
A renda da terra só aparece com a escassez de terras férteis que demandam, portanto, mais trabalho para serem cultivados. Essa ampliação das terras usadas é causada pelo crescimento da população.
*O Preço dos produtos agrícolas é regulada pelo trabalho necessário à produção em terras menos férteis.
*A produção nas terras menos férteis NÃO paga a renda da terra, o preço é determinado pelo trabalho realizado pelo trabalhador mas aquele contido nos meios de produção.
*O uso das terras menos férteis eleva os preços por que cultivá-los requer mais trabalho,
*Logo os produtores das terras mais férteis se apropriarão de uma diferença de preço sob a forma de renda.
*Cada novo movimento em direção às terras menos férteis aumenta a renda das terras mais férteis proporcionalmente.
Para Ricardo a economia tende, a longo prazo, a uma situação bastante complicada, pois o crescimento populacional faria com que as piores terras fossem utilizadas e os preços subissem fazendo com que a renda da terra atungisse seu nível máximo.
Se o preço dos alimentos é máximo, o salário também será e isso provocaria uma redução dos lucros.
Ou sejam o avanço em direção às terras menos férteis, teria como resultado um contínua depressão dos lucros o que tenderia a fazer cessar o processo de acumulação.
Ricardo chamou essa situação de estado estacionário.
A partir da lógica do argumento de Ricardo podemos reduzir a sequência de eventos que culminaria no estado estacionário.
1-Aumento da população que provoca o aumento da demanda por alimentos
2-Expansão da produção agrícola para terras menos férteis
3-Aumento dos custos da produção agrícola para terras menos férteis.
4-Preço dos alimentos mais altos
5-Aumento do salário pago aos trabalhadores e àqueles que possuem terras mais férteis
6-Queda dos lucros e, portanto, da acumulação
7-Estado estacionário
Para Ricardo a chegada do estado estácionário poderia ser adiada de três formas:
1-Contendo o crescimento populacional
2-Liberando a importação de alimentos, para impedir o uso de terras menos férteis.
3-Aumentar a produtividade agrícola.
Para Ricardo o ponto de partida da teoria de crescimento populacional está na distinção entre o preço natural e o preço do mercado, formulado por Smith.
-Preço Natural do trabalho: Preços dos meios de subsistência seguiria para estabelecer os limites à reprodução da produção.
-Preço de mercado: Resultado das interações, no mercado, da demanda e da oferta. Demanda>oferta Preço de mercado>Preço Natural e crescimento da população.
Problemas dessa ideia:
1-População só crescerá, aparentemente, se houver desequilíbrio no mercado de trabalho.
2-O cultivo das terras menos férteis faz aumentar o preço natural do trabalho.
Ricardo sugere que o crescimento populacional pode ser contido de duas maneiras:
1-Educando os trabalhadores
2-Permitindo que o preço de mercado de trabalho flutue, ajustando-se conforme o mercado. Esse é um claro ataque à lei dos pobres.
3-Uma outra maneira de evitar o cultivo de terra férteis e assim adiar a chegada do estado estacionário era liberar a importação de alimentos, que era, na prática, impedida pela leis dos cereais (intituída em 1815)
Ricardo queria demonstrar que o livre comércio possuía vantagens intrísicas que superam, inclusive a contenção do estado estacionário. A partir daí Ricardo formula a teoria das vantagens comparativas, que é, até hoje, fonte para diversas teorias liberais sobre o funcionamento do mercado.
De acordo com Smith cada produtor cada produtor saberia, melhor que qualquer outra pessoa, defender seus próprios interesses. Se este produtor agir livremente em busca do lucro, ele tenderá a manter seu capital aplicado no país de origem, por causa do acesso à informação. Aplicar onde se conhece, diz Smith, é sempre menos arriscado.
Por isso cada produtor se concentrará na produção daquilo que é melhor, segundo seu auto-interesse. Essa busca gera o bem estar coletivo. Segundo Smith é como se uma mão invisível agisse transformando vício privado em virtude coletiva.
Portanto, diz Ricardo, se cada nação se concentrasse nos ramos em que possui maior produtividade e as relações de comércio fossem livres, duas coisas ocorreriam.
1-Todas as nações seriam beneficiadas pelos ganhos de produtividade, que provocariam redução nos preços das mercadorias.
2-O capital iria migrar das nações mais rics para as mais pobres. Por que o capital seria utilizado internamente e até esgotar as opções de investimentos e depois migraria para lugares onde as oportunidades fossem mais abundantes (nações mais pobres).
Ricardo a partir da argumentação de Smith vai tentar fechar um brecha bastante evidente das vantagens comparativas. O que ocorreria se uma determinada nação não tivesse vantagem na produção de nenhum bem no mercado internacional? Ela deverá especializar-se? Seria possível que ela recebesse os benefícios do comércio mundial? Ainda assim poderia ocorrer a concorrência prevista por Ricardo?
Ricardo dependia a especialização nos rams em que houvessem vantagens comparativas mesmo nesse caso. Se a nação não tivesse vantagems produtivas em nada, a especialização deveria se dar naquele ramo em que as disvantagens são menores. E no caso das nações que tivessem vantagens absolutas em mais de um ramo deveriam seguir o mesmo prodecimento, ou seja, buscar as maiores vantagens comparativas relativas.Sintetizando o argumento de Ricardo baseia-se no suposto de que deve-se sempre produzir aquilo que se tem em maior produtividade, pois isso implica em usar menos trabalho para produzir o mesmo valor.
Desse modo, argumenta Ricardo, a especialização é vantajosa mesmo quando não se tem vantagem comparativa abosluta por que a divisão de trabalho entre os países possibilita a produção de muito mais valor em termos globais.
Por isso a Inglaterra deveria liberar o comércio de alimentos e deixar de produzí-los importando-os de qualquer outro país que os oferecesse com preços melhores. Isso faria com que todo o capital disponível na Inglaterra migrasse para a indústria, o que também evitaria qualquer impacto sobre a demanda por trabalho no país.
E com a formulação de Ricardo que a indicação de Smith sobre as vantagens da liberalização do comércio assume a condição de proposição política de forma mais articulada. Assim o estado deveria não só liberar o comércio internacional, mas também incentivar a especialização nos ramos de maior produtividade do país.
4-A chegada do estado estacionário também poderia ser adiada com o uso da maquinaria na produção de alimentos.
A introdução da maquinaria na agricultura até poderia prejudicar alguns trabalhadores, afirma Ricardo, por conta das demissões, mas não a introdução prejudicial a todos por que acelaria a chegada do estado estacionário.
Para Ricardo a intrdução da monarquia beneficiaria a todos também por causa da redução dos preços promovida pelo aumento da produtividade. Ainda que os capitalistas inovadores se beneficiassem por algum tempo por causa do lucro extra que obteriam enquanto a inovação não fosse difundida os ganhos de produtividade justificariam a adoção da maquinaria.
A adoção da maquinaria, como dito anteriormente, reduziria o número de postos de trabalho disponpiveis, coisa que ja era apontada pelos trabalhadores de então. O contra argumento de Ricardo se aproxima bastante das teses defendidas por Smith a respeito do potencial de geração de valor segundo o tipo de consumo dos capitalistas e o caráter produtivo e improdutivo do trabalho.

THOMAS MALTHUS
Malthus era pastor da ingreja anglicana e acadêmico do Jesus College de Cambridge.
Sua principal obra foi oficialmente publicada em 1798 (mas já tinha sido publicada anteriormente de forma anônima) e chama-se “Ensaio sobre a população”, mas sua publicação de 1870 “princípios de economia política” e consideração sobre a aplicação pratica também contribui muito para a fama de agourento de Malthus.
Ricardo certamente não previa um futuro promossor para a humanidade se o crescimento populacional não fosse contido, mas foi Malthus quem entrou para a história como o grande pessimista. Isso se deve, basicamente, à duas razões:
1-Malthus não previu grandes fomes e a consequente morte de parte da população apenas como um potencial (ainda que provável) problema para o futuro, ele argumentava que este já era um problema presente. A partir de seus estudos sobre o crescimento populacional, Malthus concluiu que uma parte da humanidade seria necessáriamente acometida pela miséria, pela fome, e mais que o medo da fome acometia muito ais a população mais abasta que as camadas mais pobres.
2-Malthus também foi o único economista político clássico a apontar a possibilidade de que ocorressem crises de superprodução e mais ainda, que esse tipo de crise seria algo absolutamente normal considerando-se a dinâmica do sistema capitalista.
Essas duas projeções de Malthus eram, na verdade, críticas de ideias difundidas na Inglaterra sobre o tratamento que deveria ser dispensável aos pobres por um lado, e por outro a todos os outros economistas clássicos.
1.1- Malthus e a miséria como situação incontornável
O núcleo básico de concepção de Malthus pode ser expresso pela conhecida máxima: a de que a população tende a crescer em PG enquanto a produção de alimentos em PA.
Malthus chega a essa conclusão analisando os dados sobre o crescimento da população dos EUA, que tinha uma taxa de crescimento relativamente baixa na época. De acordo com Malthus, isso acontecia porque por um lado a população dos EUA tinha princípios religiosos muito arraigados e por outro o país contava com terras férteis em abundância.
A culpa do crescimento populacional é, portanto, atribuída ao nosso irrefreavel instinto sexual, que, para vantagem da nossa espécie, opera mais lentamente que nos outros seres vivos isso acontece, segundo Malthus, por causa da preocupação com a capacidade de alimentar os descendentes.
2.1.-A superprodução como possibilidade concreta
No que se refere a possibilidade de ocorrência de crises, o principal alvo de Malthus era a lei de Say e com ela toda a economia clássica.
De acordo com a Lei de Say toda a produção criaria um plano de renda que teria a mesma magnitude que a oferta de mercadorias. É claro que poderiam existir excedentes parciais, mas neste caso haveria migração para agum outro ramo de produção reestabelecendo o equilíbrio.
A questão levantada por Malthus é a seguinte: o que acontece quando alguém poupa? Não seria este um vazamento da demanda?
Para Smith a poupança não teria finalidade em si mesma, constituindo apenas uma decisão de consumo intertemporal. Desse modo a poupança só poderia ter três finalidades: produzir, especular mercadorias ou especular com dinheiro. Seja como for, os recursos que teriam “vazado” do fluxo de renda se transformariam em demanda e a Lei de Say.
O único economista que até então que não considerou esta resposta suficiente foi Malthus. Ele percebe que a poupança poderia efetivamente constituir um vazamento, na medida em que não se convertesse em demanda. Isso aconteceria se por alguma razão os agentes entesourassem os recursos, simplesmente retivessem moeda sem a perspectiva de obter qualquer tipo de rendimento. Apesar de ter percebido um fenômeno recorrente do sistema econômico Malthus não consegue explicá-lo adequadamente o que só seria feito mais tarde por Keynes.
O ponto de partida para a explicação de Malthus é a noção(mal explicada) de que toda a acumulação (e, portanto, investimento) é precedida por poupança, mas que nem toda poupança é acumulada.
Até por causa de sua dificuldade em determinar o comportamento dos fenômenos monetários da economia e com isso da relação entre investimento e poupança, Malthus acaba fazendo uma crítica interna à explicação do funcionamento da economia a partir dos supostos adotados pelos clássicos:
Assim , diz Malthus, assumindo que o crescimento da riqueza depende do aumento da poupança e considerando que uma parte dos recursos é desviada pode-se afirmar que o aumento da poupança implica em um aumento do desvio da demanda efetiva. Com isso a produção cresce e a demanda efetiva não acompanha. A conclusão de Malthus é que qualquer momento pode faltar demanda não apenas para um único produto, mas para todos, configurando excedente geral.

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